domingo, 28 de agosto de 2011

Sobre quatro rodas




Eu sempre quis escrever sobre a atitude de que nós seres humanos, meros mortais, assumimos quando nos damos para fazer parte de um corpo maior, de metal e quatro rodas. Como explicar a sensação de liberdade e velocidade que sentimos quando estamos dentro de um carro? Parece que tudo gira em torno de nós, não somos mais um ser limitado, não conhecemos a palavra limite. Eu sempre dizia ao meu irmão que ele deveria ser mais cauteloso ao andar de bicicleta, ele ama estar sobre ela sempre em alta velocidade, eu o apedrejava por isso. Até que um belo dia lá estava eu descendo em alta velocidade a rua na tal da bicicleta. Então fico me perguntando; por que nós sentimos prazer nas coisas efêmeras e arriscadas da vida? Sou uma pessoa que costuma analisar o comportamento dos indivíduos quando estão sobre quatro rodas; o céu é o limite. Quantas e quantas vezes já vi pessoas quase que perderem a vida, porque no momento em que motoristas as avistavam atravessando a rua, pisavam no acelerador e davam aquela buzinada acompanhada de palavrões. Já ouvi a seguinte frase " quer morrer"? Sendo que eu havia dando sinal com a mão e estava na faixa. Fico muito indignada com isso. Pra mim é muito desolador saber que as pessoas acham que um carro traz a elas motivos para humilhar e matar outras pessoas. Se cada um de nós fossemos mais conscientes e mais cautelosos a realidade do nosso transito seria outra. Não estou sendo hipócrita; mas vamos ser mais gentis quando estivermos no controle de um carro. Pense que ele é apenas um meio de transporte pelo qual você vai se locomover, você não é dono do mundo nem mesmo da razão porque está dentro dele. Vamos aprender a ser mais pacientes, pois a única coisa que aprendemos no transito é impaciência, ignorância além de todo stress que ele nos traz. O fato de você ter um carro de 100 mil reais não deve alterar o seu caráter, na primeira esquina você pode bater ou tirar a VIDA de alguém. Pense no seu bem estar, mas pense no bem estar do próximo também. Essa sensação de liberdade e de não limitação, é quebrada no primeiro semáforo. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Até tu Brutus ?

Carta de Rachel de Queiroz dirigida ao ministro, em 11 de Novembro de 1968, nos Diários dos Associados : '' Pois na verdade o que não se pode, Sr. Ministro, é pactuar com o crime, discutir com a discriminação, reconhecer a existência da discriminação[...] E eu digo mais: é preferível que continue a haver discriminação encoberta e ilegal, mesmo em larga escala, do que vê-la reconhecida oficialmente pelo governo- já que qualquer regulamentação importaria num reconhecimento.''
 Difícil de acreditar ? Pois acredite. Rachel de Queiroz, grande Raquel. Escritora brasileira que galgou inúmeros e significativos premios e considerações refererentes as suas obras e feitos. Essa mesma Raquel reagiu de forma um tanto inesperada diante do projeto  do Ministro Jarbas Passarinho. Jarbas no ano de 1968, em plena ditaura militar, foi instruido a adotar um modelo de politica publica que contemplaria a população negra. Ele juntamente com o Ministerio do Trabalho propuseram uma lei que obrigava empresas a terem 20% de empregados negros. Esse projeto foi engavetado. É nítido que os projetos de politicas afirmativas existiram durante o século XX, mas sofreram grande repressão, porque não interessam à elite governamental. O pior é descobrir que pessoas que ajudaram a construir a identidade intelectual do nosso país eram complacentes com a segregação e o racismo!

domingo, 31 de outubro de 2010

Intolerância, tô fora !!!





Nós, humanos, pertencentes a mais elevada categoria do reino animal, detentores da racionalidade nunca vista e alcançada em nenhuma outra espécie, somos uma complexidade em essência, intelectualizamos e racionalizamos tudo, carecemos de habilidade no tocante a expressar emoção, por isso somos um misto de bondade, compaixão e crueldade, intolerância, extremadas. Enfim, somos os mais imprevisíveis dos seres na face da Terra.
Somos capazes da maior de todas as generosidades, da mais total doação e, ao mesmo tempo, conseguimos cometer todas essas barbaridades que estão nos aterrorizando, por estarem tão visíveis, noticiadas, faladas, enfim vivenciadas "para quem têm olhos para vê e ouvido para ouvir". Algo que sempre permeou a humanidade de maneira velada e às vezes explícitas foi à inabilidade em lidar com o diferente, adversidade. Tem gente que afirma que somos a imagem e semelhança de Deus e crê que nós, por assim dizer, seremos salvos. Peraí! Para tudo! Afinal, fomos nós, não irracionais, que em nome da paz, da moral e dos bons costumes aniquilamos povos e nações por não se curvarem mediante ao imperialismo econômico, militar; que arrasamos culturas e tradições milenares por não ser afim a modernidade temporária e sempre transitória; que assassinamos e queimamos milhares de pessoas na fogueira inquisitória por não seguirem a crença religiosa dominante de outrora; que exterminamos silenciosamente todo e qualquer ser que contraponha os padrões vigentes da sociedade; que fazemos de conta que tudo está bem, mesmo que o caos moral, ético e intelectual assole e corroa a tão propagada democracia, liberdade de expressão, onde todos os cidadãos têm o direito a felicidade e bem-estar; que fuzilamos crianças em frente a uma igreja ou trabalhadores em vielas nos subúrbios.
A violência oriunda da privação de direitos existirá sempre, em qualquer lugar do mundo. E sempre existiu.
O que não é concebível, depois de tantos exemplos que não devem ser seguidos, é ainda perpetuarmos a intolerância e discriminação de qualquer espécie.
Todos têm aos mesmos deveres humanos independente da sua raça, crédulo, opção sexual. Respeitar o próximo!
Choca-me como o desrespeito atinge níveis irracionais dos líderes, formadores de opinião. Exemplo, os painéis espalhados nas vias da Cidade Maravilhosa inflando um embate que nada acrescentará de positivo e mais uma vez pode ter conseqüências desastrosas pelo mesmo indivíduo que tempos atrás em "um ato raciocinado" chutou um dos símbolos sagrados para milhões de pessoas iguais a ele que buscam encontrar através da fé "o caminho da verdade e da vida", mas como não acreditava, simplesmente, impôs sua vontade. Aprendi que em uma discussão todos estão errados. Estou seguro que a proporção dos monstruosamente intolerantes é a mesma desde o começo da humanidade. No "início", metade dos jovens foi assassinada, quando os nobres irmãos se digladiaram, restando apenas um, ou seja, não se teve vitorioso, ambos perderam.
O que nos resta fazer é tentar imediatamente, por todos os meios possíveis, salvar nosso futuro.
Tolerância e Amor para todos parece-me ser a solução para que prevaleça o bem, respeito, humanização.
Como o célebre filme, "Deus e o Diabo na Terra do Sol", a dicotomia permeia nossa existência que possamos aprender com os ditos irracionais que respeitam o seu semelhante e usufrui abundantemente da emoção, instinto fraternal de preservar sua espécie.

A ignorância dos nossos antepassados



E disse Oliveira Vianna : ''Esse admirável movimento imigratório não ocorre apenas para aumentar rapidamente, em nosso país, o coeficiente da massa ariana pura: mas também, cruzando-se e recruzando-se com a população mestiça, contribui para elevar, com igual rapidez, o teor ariano de nosso sangue. ''

Afrânio Peixoto também deixou sua colaboração aos discursos da época :'' Trezentos anos, talvez levaremos para mudar de alma e alvejar a pele, e se não brancos, ao menos disfarçados, perderemos o caráter mestiço [...] Quantos séculos serão precisos para depurar-se todo esse mascavo humano ? Teremos albumina bastante para refinar toda essa escória ? Deus nos acuda, se é brasileiro !

Ambos mentes influentes do século XX. Não é difícil de observar que a população passava por um processo de branqueamento, processo que foi instituído e executado por autoridades e pelos governantes. Os negros sofreram durante a época imperial, foram escravizados, maltratados, ignorados. Não passavam de objetos ou mesmo de animais. Na Republica velha não foi diferente. Mesmo com a lei Áurea de 1888 que declarava ilegal a escravidão, os negros foram marginalizados da sociedade e sufocados politica e ideologicamente pelo preconceito e a discriminação. Vale ressaltar que em pleno século XXI, os índices mostram vulnerabilidade da classe negra brasileira. A população negra ocupa substancialmente os  índices de pobreza, baixa  escolaridade, desnutrição infantil, violência, dentre tantos outros. As Politicas de Ações Afirmativas têm o intuito de estabelecer a igualdade entre brancos e negros de forma rápida e efetiva. É evidente que politicas como essas causam uma certa segregação social, mas deve-se continuar a ignorar que os negros sofreram uma espécie de etnocidio, e que isso transparece até os dias de hoje ? Não seria uma forma de tentar amenizar um passado irracional, extremamente racista, e desumano ? Os negros mereceram ter suas famílias desestruturadas, sua cultura menozpresada, seus corpos mutilados, suas almas vendidas para atender aos interesses de uma elite ? E mais, precisam conviver nos dias de hoje com a hipócrita ideologia de que o racismo é coisa do passado, mas sofrem o pior dos preconceitos: o preconceito silencioso e disfarçado! É evidente que o Estado precisa agir e promover politicas que resultem isonomia étnica.